Dirigido pelo veterano Walter Lima Júnior (“Menino de Engenho”), “Os Desafinados” combina em seu elenco atores e músicos para contar a história de uma banda fictícia nos idos da bossa nova. O filme, com roteiro assinado pelo cineasta e por Susana Macedo, estréia nesta sexta-feira no país e traz Rodrigo Santoro, Selton Mello, Claudia Abreu, Alessandra Negrini e os músicos Jair Oliveira e André Moraes.
Na condução da narrativa há um diálogo entre passado e presente. Nos dias atuais, a morte da cantora brasileira Gloria Baker (Claudia) na Itália serve como pretexto para a reunião de um grupo de amigos, que vão realizar um documentário para a televisão sobre uma banda chamada Os Desafinados.
O filme tem corre fácil, conta uma história inusitada e recheada de pitadas históricas. O elenco muito bem selecionado se completa em cena, dando seu toque a banda de Bossa Nova. Selton Mello tem uma participação pequena mas mostra o porquê é um dos grandes atores de sua geração.
Um dos grandes problemas do filme é sua duração. Apesar da maravilhosa trilha sonora, belas locações, história consistente e elenco sólido, a duração do filme o torna cansativo, após a segunda hora (o filme beira as três) todos esse elementos acabam ficando em segundo plano pelo roteiro um pouco prolixo. Além disso, não sei se é uma constante em todas as salas, mas onde assisti (Unibanco Artplex) o filme estava legendado, o que causou uma sensação angustiante… Além disso, alguém me explica o porquê que Selton Mello dublou Arthur Kohl, que faz seu personagem mais velho, ficou muito amador!
Em 2008, “Os Desafinados” participou de diversos festivais e recebeu prêmios. No Cine Ceará, levou prêmio de trilha e um troféu especial do júri. Em Paulínia, ganhou melhor atriz (Claudia Abreu) e ator coadjuvante (Paes Leme). No Festival de Guadalajara, no México, recebeu o troféu de melhor fotografia, assinada por Pedro Farkas (“Não Por Acaso”).
Mais um bom filme nacional, com um enredo que foge do convencional eixo favela/sertão. Espero que o cinema nacional continue produzindo bons filmes com temáticas pesadas e relativas ao cotidiano nacional, mas que também olhe para este tipo de produção despretenciosa com mais carinho.